O Projeto Lugares de Encontro organizou uma sessão de Prevenção e Combate ao Racismo, que aconteceu no dia 18 de maio na Oliva Creative Factory e foi notícia nos dois jornais do Concelho.
No Jornal o Regional:
Esta Ação de Capacitação nasceu duma necessidade, sentida dentro do projeto, que foi pensado para mulheres em situação vulnerável, pela sobrecarga que a monoparentalidade traz ao associar-se à precariedade socioeconómica.
Todas as semanas, no Lugares de Encontro, encontramo-nos com estas mães para conversarmos e termos, em conjunto, a oportunidade de experimentar propostas multidisciplinares.
Tem sido criado um lugar confiança e de sororidade, lugares onde fomos ouvindo as diferentes mães participantes falarem também do seu dia a dia. Fomos percebendo que muitas são confrontadas quotidianamente com um racismo, disfarçado, estrutural, presente.
Foi com a presença de todas as entidades parceiras do projeto: Câmara Municipal de S. João da Madeira, em particular com a Divisão de Ação Social e Inclusão do Município de S. João da Madeira, com a Habitar S. João, Sta. Casa da Misericórdia de SJM (protocolo Rendimento Social de Inserção e Centro Comunitário Porta Aberta), com a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens , e com a Irenne – Associação de Investigação, Prevenção e Combate à Violência e Exclusão, que contamos para a dinamização da primeira Ação de Capacitação - Prevenção e combate ao racismo, que aconteceu no dia 18 de maio, na Sala Terraço da Oliva Creative Factory.
A proposta não foi exclusiva aos parceiros, quisemos estender esta ação a todas as pessoas com intervenção direta no atendimento a públicos vulneráveis. Quisemos pensar em conjunto sobre direitos humanos, sem deixar de assumir uma perspetiva crítica e de análise sobre as instituições políticas e sociais que, certamente, terão espaço para melhorar.
Foi por sentirmos que é preciso aprender mais sobre questões como a descriminação social, a descriminação de género, o racismo estrutural e a precariedade que organizamos um painel de luxo para 40 participantes, na sua maioria técnicos/as de intervenção social e professores/as de três agrupamentos do concelho de S. João da Madeira.
No painel tivemos a experiência política e o conhecimento do território de S. João da Madeira através da intervenção da Vereadora Dra. Paula Gaio. A Professora Maria Manuel Batista, Professora Catedrática da Universidade de Aveiro, partilhou connosco uma contextualização histórica e cultural do fenómeno do racismo estrutural. Através duma reflexão e desconstrução da narrativa do Luso-tropicalismo, conceito criado por Gilberto Freyre, aproveitado pelo Estado Novo e disseminado no imaginário nacional, que ainda perdura, a ideia de identidade com que os portugueses comummente se identificam, de um povo tolerante e benevolente.
A problemática foi ainda mais aprofundada pela Doutora Ana Cristina Pereira, conhecida por Kitty Furtado, que é uma das referências no combate antirracista e atualmente bolseira de pós-doutoramento do projeto Vozes em Rede, baseado no Centre for Research in Applied Communication, Culture, and New Technologies da Universidade Lusófona do Porto. Começou por questionar todos/as os/as presentes sobre o conceito de privilégio e depois convocou perspetivas pós colonialistas para uma abordagem mais eficaz no questionamento crítico dos diferentes layers em que o racismo existe e se manifesta.
No Jornal O Labor:
Depois duma conversa tão elucidativa, Alice Neto de Sousa veio encerrar o painel com a sua poesia avassaladora. Autora do poema “Poeta” emitido no programa “Bem-Vindos” na RTP África, que se tornou viral e do poema “Março” que fez parte da abertura solene das comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de abril, declamou vários poemas seus e de outros autores como José Luís Peixoto e Raquel Lima numa apresentação muito aplaudida.